Vale a pena utilizar o dinheiro do FGTS para viajar?

FGTS para viajar

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Vale a pena utilizar o dinheiro do FGTS para viajar?

Utilizar o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para financiar uma viagem pode parecer uma solução atraente, mas envolve uma série de considerações que precisam ser analisadas cuidadosamente. Vamos entender as regras, prós e contras dessa opção, e como ela pode impactar o seu futuro financeiro.

O que é o FGTS e como ele funciona?

O FGTS é um direito dos trabalhadores com contrato regido pela CLT. Todos os meses, o empregador deposita um percentual do salário do funcionário em uma conta vinculada. Esse dinheiro, apesar de ser do trabalhador, só pode ser sacado em situações específicas, como demissão sem justa causa, compra da casa própria ou aposentadoria. No entanto, o saque-aniversário é uma modalidade que permite a retirada anual de parte do saldo, o que tem despertado o interesse de quem quer usar esses valores para diversos fins, incluindo viagens.

Vale a pena usar o saque-aniversário do FGTS para financiar viagens?

Com a recente parceria entre a agência de viagens CVC e o banco digital Digio, do Bradesco, o trabalhador pode antecipar o saque-aniversário para comprar pacotes turísticos. A ideia de utilizar esse valor para realizar o sonho de uma viagem é tentadora, mas será que essa é a melhor opção financeira?

A resposta, como sempre, depende da situação financeira de cada pessoa. O FGTS é uma espécie de poupança forçada que, além de proteger o trabalhador em momentos de necessidade, tem uma característica importante: é blindado contra penhoras, o que significa que o valor depositado ali está protegido de possíveis execuções judiciais. Essa segurança não deve ser subestimada.

Os perigos de antecipar o saque-aniversário

Quando você decide antecipar o saque-aniversário para realizar uma compra, como uma viagem, na verdade, você está contratando um empréstimo. Você paga juros sobre o valor que é seu, o que pode não ser uma decisão inteligente, dependendo das circunstâncias. A sócia-executiva da DSOP Educação Financeira, Cíntia Senna, alerta sobre os riscos dessa prática: “O FGTS protege o trabalhador em momentos de adversidade. Usá-lo para um prazer imediato, como uma viagem, pode deixar a pessoa desprotegida financeiramente no futuro.”

Portanto, antes de decidir utilizar o FGTS dessa maneira, é importante fazer uma análise cuidadosa da sua saúde financeira. Esse tipo de escolha pode ser interessante para alguns perfis de pessoas, mas desastroso para outros.

Análise de diferentes perfis financeiros

O perfil do investidor

Quem está em uma situação financeira confortável e já possui outras formas de investimento, pode considerar o uso do FGTS para diversificar sua carteira ou até mesmo melhorar a remuneração do seu dinheiro. Com a taxa Selic em alta, muitas opções de renda fixa são atrativas e podem gerar retornos melhores do que os oferecidos pelo FGTS.

No entanto, é importante destacar que o FGTS tem a vantagem de ser um fundo seguro e blindado. Nesse sentido, utilizar esse recurso para viagens pode não ser a melhor opção, já que o retorno de um investimento financeiro pode ser mais vantajoso a longo prazo. Para o investidor, a recomendação é manter o FGTS onde está ou buscar formas de aplicação que gerem melhores resultados sem comprometer sua segurança financeira.

O perfil equilibrado

O perfil equilibrado é aquele em que a pessoa vive dentro do seu orçamento, sem sobras significativas, mas também sem dívidas preocupantes. Nessa situação, o FGTS serve como uma espécie de colchão financeiro, oferecendo segurança em casos de imprevistos.

Utilizar o saque-aniversário para financiar uma viagem pode ser uma decisão arriscada para quem está nessa situação. Uma viagem pode gerar satisfação momentânea, mas pode acabar desestabilizando o orçamento se não houver planejamento adequado. Nesse caso, a melhor opção pode ser manter o FGTS aplicado, garantindo uma reserva para o futuro.

O perfil endividado

Estar endividado não significa, necessariamente, estar em uma situação financeira crítica. Muitas pessoas têm dívidas, como financiamentos e compras parceladas, e conseguem gerenciá-las dentro do seu orçamento. No entanto, utilizar o FGTS para quitar dívidas ou financiar viagens pode ser perigoso se não houver um planejamento financeiro claro.

O FGTS é uma aplicação blindada, e utilizá-lo para cobrir dívidas pode deixar o trabalhador desprotegido em situações de emergência. Portanto, para quem está endividado, a melhor estratégia é organizar as finanças e buscar alternativas de crédito mais baratas do que antecipar o saque-aniversário.

O perfil superendividado

Para quem está em uma situação de superendividamento ou inadimplência, o FGTS pode ser a única reserva financeira protegida. Nesse caso, utilizar esse dinheiro para financiar uma viagem é altamente desaconselhado. O ideal é que a pessoa faça uma reestruturação financeira, cortando gastos e reorganizando o orçamento.

O uso responsável do FGTS é essencial para garantir que esse recurso esteja disponível em momentos de real necessidade, como perda de emprego ou problemas de saúde. Para quem está inadimplente, o resgate do FGTS só deve ser considerado como última opção, e nunca para realizar desejos momentâneos, como uma viagem.

Conclusão: usar o FGTS para viajar pode ser arriscado

Em resumo, utilizar o dinheiro do FGTS para viajar é uma decisão que deve ser tomada com cautela. Embora seja possível antecipar o saque-aniversário para financiar um sonho de viagem, os riscos financeiros envolvidos são significativos. O FGTS é uma reserva protegida que pode ser essencial em momentos de crise, e comprometê-la por uma gratificação imediata pode não ser a escolha mais inteligente.

Cada pessoa deve avaliar sua situação financeira com cuidado antes de decidir utilizar o FGTS para esse fim. Para alguns perfis, manter o dinheiro aplicado pode ser a melhor estratégia, enquanto outros podem encontrar vantagens em utilizar o saque-aniversário para investir em outras áreas. No entanto, para a maioria das pessoas, financiar uma viagem com o FGTS pode ser um erro que compromete sua segurança financeira no futuro.

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Redação 02/10/2024