Cada vez mais brasileiros buscam estudar fora

Aos 26 anos, a publicitária Fernanda Vallamede tomou uma decisão que mudou sua carreira: largou o emprego, saiu de São Paulo e passou oito meses na Irlanda. Como a maioria das pessoas que decidem estudar fora do Brasil, seu objetivo é tornar-se fluente em inglês para obter maior sucesso no mercado de trabalho.

Inúmeros brasileiros têm aguçado o desejo de estudar no exterior para incorporar ao currículo a experiência de graduação em outro país, além de aprimorar a fluência em outro idioma. Por exemplo, das 365 mil pessoas que estudaram no exterior em 2018, 50,4 mil se formaram, segundo dados da pesquisa Selo Belta 2019 encomendada pela Associação Brasileira das Agências de Câmbio (Belta). Isso representa um aumento de 37,7% em relação ao ano anterior (36,6 mil).

Por que mais brasileiros querem estudar fora? 

A pesquisa da Belta, que responde por 75% do mercado de trading, é dividida em duas partes: a primeira com instituições e a outra com alunos. Na seção envolvendo agentes, a graduação subiu na classificação entre os tipos de câmbio mais vendidos. Subiu do 7º lugar em 2016 para o 4º lugar em 2018.

A presidente da entidade, Maura Leão, acredita que o aumento do acesso à informação ajuda a justificar o crescimento. “Mais e mais pessoas estão encontrando maneiras de realizar esse sonho”, disse ele. “Antes, estudar no exterior parecia uma coisa impossível, ou um privilégio de poucos”, completou.

O estudo mapeia os principais fatores que favorecem a venda de pacotes turísticos com fins educacionais. Entre eles estão a necessidade de investir no idioma, a necessidade de diferenciar os cursos no mercado de trabalho e o interesse em ter uma experiência internacional.

Desemprego influencia esse cenário 

É importante lembrar que o desemprego no Brasil hoje é superior a 12%. Segundo a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE), há 12,984 milhões de pessoas no país sem emprego.

Com a queda do mercado de trabalho, tornou-se cada vez mais importante que os profissionais atualizem seu currículo para se destacarem da concorrência. “Para nós, brasileiros, tornou-se uma necessidade ser fluente em um idioma conhecido internacionalmente, como o inglês”, comenta Maura Leão. “Além do conhecimento acadêmico, estudar no exterior proporciona uma experiência diferenciada e muito valorizada pelos empregadores”, explica o presidente da Belta.

Com tantas possibilidades, escolher o melhor país para estudar – seja para uma graduação, curso de idiomas ou qualquer outro tipo de ensino – nem sempre é fácil. A pesquisa Selo Belta 2019 revela os aspectos que mais influenciam a escolha do país pelos alunos.

São eles: taxas de câmbio favoráveis, ser um país de língua inglesa, qualidade de vida, facilidade nos trâmites de visto e adoção de políticas que favoreçam estudantes internacionais que combinem atividades de estudo e trabalho. Esse foi, inclusive, o fator decisivo para que Fernanda optasse por estudar na Irlanda. Ela sempre quis ir para a Europa, e até cogitou outras opções, como o Canadá na América do Norte e a Nova Zelândia na Oceania, mas encontrou no continente dos sonhos a melhor possibilidade de vivenciar essa experiência.

Como escolher o melhor país para estudar? 

Como acontece com qualquer decisão importante, escolher em qual país estudar requer uma pesquisa cuidadosa. Primeiramente, é preciso levar em consideração que cada país possui requisitos específicos para autorizar a entrada de estudantes.

Por exemplo, Fernanda disse que para ir à Irlanda precisava comprar uma passagem de ida e volta com antecedência, além de saber falar inglês. Era uma forma de garantir seu retorno ao Brasil em oito meses. Além disso, ela deve ter três mil euros em mãos – o equivalente a 13.290 reais hoje.

Mora sugeriu que para fazer a melhor escolha, pegar “atalhos” não é necessariamente a melhor escolha. Por exemplo, o número de brasileiros a estudar em Portugal aumentou 32% do ano letivo de 2017/2018 para o ano letivo de 2018/2019, segundo a Direção Geral de Estatísticas Educacionais e Científicas.

Essa opção é mais interessante devido às semelhanças linguísticas, mas não deve ser o único fator considerado pelos alunos. O presidente da Belta também recomenda que os alunos busquem o apoio de quem já tem experiência de estudo no exterior, principalmente em instituições especializadas em intercâmbio. Para ajudar, é interessante que o indivíduo já tenha uma ideia da área em que deseja atuar, afinal, alguns programas em alguns países são de qualidade acadêmica superior a outros.

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Helio Fraga 12/01/2023