Cada vez mais brasileiros se interessam e procuram fazer especializações como Master of Business Administration (MBA) e pós-graduação no exterior. Além do acesso a universidades de renome internacional, a experiência torna o programa mais atrativo, seja pela oportunidade de inovar no centro de ensino ou por morar fora do Brasil.
Uma das principais razões pelas quais esse desafio se tornou realidade para 365.000 brasileiros é o aumento do acesso a empréstimos estudantis. Se depender do otimismo do setor, cada vez mais cidadãos devem embarcar nos próximos anos. Segundo estudo divulgado no início de abril pela Associação Brasileira das Agências de Intercâmbio (Belta), o mercado de educação internacional no Brasil cresceu 20,46% em 2018 e já está em 365 mil.
No entanto, a tendência de crescimento do setor contraria o financiamento público. Recentemente, o governo federal anunciou um fundo emergencial de R$ 7,4 bilhões do Ministério da Educação. O bloqueio pode resultar em R$ 150 milhões para bolsas de especialização, MBA, mestrado e doutorado mantidas pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).
Outro exemplo de queda acentuada no apoio público é o fim dos milhares de processos seletivos para o projeto Ciência sem Fronteiras. Criado em 2011, o programa beneficia 35 mil bolsistas com investimento de aproximadamente R$ 3,7 bilhões. Há dois anos, o governo federal anunciou que fecharia os cursos de graduação e reduziria as opções para os alunos interessados na pós-graduação.
Com a “torneira do governo” fechada, a saída para a maioria das pessoas que pretendem estudar no exterior passou a ser encontrar um modelo de empréstimo que caiba no bolso. Afinal, alguns alunos que iniciam um programa de estudos vêm para o exterior sem nenhuma renda mensal e só conseguem sobreviver com economias ou com o apoio de familiares.
“Por causa dos incentivos públicos, a partir de cinco anos o Brasil ultrapassou as fronteiras dos cursos de idiomas e passou a ser um dos países que mais envia alunos para cursos de pós-graduação”, analisa o diretor do Belta, Allan Mitelmao. “No entanto, devido aos cortes no investimento, hoje só está disponível para quem já tem recursos ou tem acesso a crédito que o possa pagar”, acrescentou.
Pós-graduação fora do Brasil: mercado otimista
Embora o mercado ainda seja incipiente devido às dificuldades de obtenção de recursos financeiros públicos, as principais entidades do setor esperam avançar fortemente na realização de programas de pós-graduação fora do Brasil no longo prazo.
Para Belta, enquanto as torneiras públicas de financiamento estudantil estão fechadas, paradoxalmente, um dos fatores de otimismo quanto ao crescimento do número de estudantes estrangeiros no Brasil, ainda que lentamente, são os sinais de recuperação macroeconômica.
Segundo a entidade, o progresso na reforma da previdência e uma situação trabalhista mais favorável ajudará os estudantes a acessar empréstimos e melhorar sua capacidade de planejá-los – essencial na hora de solicitar empréstimos.
Diante dessa situação, Belta estima que, até 2029, o percentual de pós-graduação fechado por estudantes brasileiros ultrapasse 10% – o que o colocaria agora atrás apenas das viagens de graduação (12,6%). “O percentual de pós-graduação concluídos ainda é pequeno, mas o número de pessoas que buscam informações sobre eles é muito maior do que há alguns anos”, explica Mitelmao. “Nos últimos cinco anos, o engajamento aumentou cerca de 600%”, disse o executivo.
Como me planejar para a viagem?
Para começar a planejar estudar fora do Brasil, o primeiro passo é determinar o tipo de programa que você fará para ter um tempo exato ou estimado de viagem. Entender o tempo de estudo – permitindo subsídios para disciplinas, atividades ou cursos paralelos adicionais – é fundamental para entender o tamanho do investimento.
Algumas especializações podem durar até um ano. Mestrado e doutorado levam de dois a quatro anos para serem concluídos. “É preciso saber exatamente se a especialização é questão de meses ou anos. Isso significará os recursos financeiros necessários para esse período e possivelmente até uma permanência mais longa”, comprova Reynaldo Dominguez da DSOP Educação Financeira (Reinaldo Domingos).
Depois de calcular o tempo total da viagem, o conselho dos especialistas financeiros é fazer uma lista de tudo o que você precisa no exterior. Ele destaca que o custo efetivo total do curso (CET) e a forma de pagamento devem estar no topo dessa lista.
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